O clube carioca, Vasco da Gama, pode ser punido na entidade reguladora das leis do futebol brasileiro. A polêmica envolve cantos com cunho homofóbico, proferido pela sua torcida em direção à equipe do São Paulo.
O combate à intolerância no futebol
Claro que o futebol. Principalmente o profissional de elite, é por si só um esporte excludente. Não somente esta modalidade, mas toda aquela que tem como objetivo o alto rendimento, acaba que quase naturalmente, excluindo pessoas de determinadas características.
Estou falando de características físicas, fisiológicas, aquelas com as quais na maioria das vezes não podemos lutar, e que acabam por limitar a atuação de certos indivíduos dentro do esporte.
Embora não seja um grande preconceito, mas é muito improvável você ver um jogador de 1,70m jogando na NBA, em meio aos gigantes. Assim como uma pessoa de menor mobilidade correr os 100m rasos na raia ao lado de Usain Bolt.
Ainda assim, a expectativa é reduzir dentro do esporte (para começarmos a reduzir dentro da nossa sociedade), o preconceito diante de pessoas que fazem parte dos grupos ditos perseguidos.
Temos diversos exemplos de cantos racistas, dirigidos à um jogador ou até mesmo à um povo em específico. Isto acontece aqui no Brasil, acontece ao longo das Américas e se espalha pelo mundo.
Mundo este que segue doentio em alguns pontos, com pessoas que não tem capacidade de entender que o esporte, embora traga doses cavalares de emoção, não é desculpa para as suas ignorâncias.
No jogo entre Vasco da Gama e São Paulo Futebol Clube, o árbitro da partida, Anderson Daronco, interrompeu a partida e dirigiu-se ao banco de reservas do clube carioca, dizendo que não aceitava o canto vindo das arquibancadas, que chamava o clube paulista de “time de bambi”.
A atitude do condutor da partida é uma clara evidência das recomendações da FIFA, que pede para que seja interrompida a partida que contenha claros insultos homossexuais, raciais ou de alguma forma discriminatórios.
Decisão nova, de certa forma impactante no futebol brasileiro, e que se fosse levada ao pé da letra, traria sérias punições à grande maioria das torcidas brasileiras.
O Vasco merece punição?
A quem não é brasileiro, pode de fato estranhar o ocorrido, achando que de alguma forma tenha sido um ato isolado por essas terras. Por aqui temos por característica, “apelidar” times, pessoas e povos em geral.
Os exemplos são diversos: o povo gaúcho é composto por homossexuais (e se estende aos times), o povo baiano é preguiçoso, o paulista é maloqueiro e o carioca é malandro. Em relação aos times, o corintiano é ladrão e o são paulino é gay.
Nos acostumamos a denominar povos e instituições, para de alguma forma diminuí-los, mesmo que de forma exagerada, mentirosa, ou até mesmo desprovida de noção.
O Vasco venceu o jogo contra o São Paulo, mas ainda pode perder os pontos da partida, visto o que aconteceu nas arquibancadas.
Lembro como um caso recente, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil, alguns anos atrás, quando disputava uma fase de playoff com o Santos, e no jogo em Porto Alegre, uma parte da torcida insultou racialmente o goleiro Aranha.
Na oportunidade, muitos profissionais envolvidos na área, apoiaram a decisão.
Em comunicado vindo da instituição que aplicou a punição, o objetivo era dar como forte exemplo ao Brasil e ao brasileiro que acompanha futebol, que as arquibancadas não era uma terra sem lei, e que suas atitudes teriam consequências.
De lá para cá venho pensando que isto é apenas da boca para fora. Já vi torcedor matar um menino com um sinalizador, alguns torcedores indiciados e o clube ileso.
Vejo cantos e xingamentos racistas e cada cantos do mundo, e nada acontece. Xingamentos proferido à mulheres, negros, gays e qualquer tipo de parte da sociedade, e os olhos da CBF e STJD ficam fechados.
Neste caso não vai acontecer nada.
O Vasco vai ser liberado, assim como a maioria dos infratores nesse país. Por aqui temos a mania de fazer um alarde, mas por baixo dos panos aquela amenizada, principalmente por cunho político.
No mundo ideal teríamos de volta aquele clima de rivalidade dentro do estádio, teríamos pessoas civilizadas, e punições exemplares à quem estragar o espetáculo.
Na realidade temos uma condição ainda embrionária para regular um ambiente organizado, porque antes não havia fiscalização, e hoje vemos o problema, identificamos de onde vem e quem deva ser punido, e depois buscamos alguma desculpa para que nada aconteça.
O futebol brasileiro segue como sempre foi, um reflexo da bagunça da nossa sociedade, em geral.