O Benfica, do técnico Jorge Jesus, foi eliminado na fase classificatória para a Liga dos Campeões 2020/2021. O técnico recentemente abandonou o futebol brasileiro. Será que fez a escolha certa?
TEMPORADA DO BENFICA MAL COMEÇOU E JÁ ACABOU
Na última terça-feira, 15 de setembro, o Benfica foi até a Grécia para a disputa de um playoff classificatório, para entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões. O modo de disputa era em partida única, e o Benfica perdeu por 2-1, e foi precocemente eliminado da competição europeia.
A partida teve predomínio do Benfica, principalmente pelo desempenho no primeiro tempo. Muita pose de bola, volume ofensivo, intensidade.
Em dado momento a posse de bola chegou na casa dos 70%, mas no final, ainda se viu que lhe faltam peças para um time realmente competitivo a nivel europeu.
Este foi o primeiro jogo oficial de Jorge Jesus no comando do Benfica, e a temporada da equipe, passava diretamente pela classificação para a Liga dos Campeões.
O Benfica apostava muito na classificação para a Champions League, para ter visibilidade durante a temporada. Foi um dos clubes que mais investiu nessa janela de contratações, totalizando mais de 80 milhões de euros em contratações.
No Brasil, o clube buscou Everton Cebolinha, destaque do Grêmio e constantemente convocado por Tite para a Seleção Brasileira. Ainda contratou Pedrinho, do Corinthians, e Gilberto, do Fluminense. Na Europa, surpreendeu ao contratar Jan Vertonghen, e tentar uma milionária investida pelo uruguaio Edinson Cavani.
Tudo para dar a Jorge Jesus o elenco competitivo que queria, e que seria uma exigência para voltar a sua casa. O Benfica ao longo dos anos se consolida como um clube vendedor, e dessa vez gastou o que tinha e o que não tinha, para participar de uma Liga dos Campeões que durou 90 minutos.
VALEU A PENA PARA JORGE JESUS?
É necessário que se diga, que Jorge Jesus impôs em seu contrato, um grupo de clubes ao qual o Flamengo deveria facilitar uma negociação.
O Benfica era um deles, portanto, o pensamento do treinador já estava pré-estabelecido, em voltar pra Europa, e se não houvesse propostas de um clube de ponta, voltar a Portugal.
A passagem de Jesus pelo Brasil foi brilhante, mas para ele, inicialmente servia como um trampolim para a volta definitiva ao mercado europeu. Não deu certo.
Fez a melhor campanha da história do Flamengo e nem assim despertou o interesse de um clube competitivo. Foi uma frustração, e não se via em 2020, a mesma energia do português à beira do gramado.
Sua volta para casa, não foi por amor. Vislumbrou a chance de ser mais visto, ao dirigir o Benfica em uma boa campanha na temporada. Para isso, exigência por um grupo competitivo, e contratações caras para o nível do Benfica.
O presidente, que busca a reeleição, teve de abrir os cofres. Os vexames da última temporada, só seriam esquecidos com contratações e boa campanha.
Tudo isso fazia parte de um plano. O presidente ganhar a eleição, voltar a vencer o Campeonato Português, e ainda, revender esses jogadores comprados, trazendo lucro ao clube. Para Jesus, vitrine, algo que não teve suficientemente no Flamengo.
JUNTAR OS CACOS
Agora o treinador vai ter que se contentar com as disputas secundárias, e tentar fazer de poucos limões, uma grande limonada. A visibilidade que tanto queria, vai ser menor, e para ter algum reconhecimento fora das fronteiras de Portugal, terá de fazer uma campanha nível Flamengo.
O grande sonho era um protagonismo na Liga dos Campeões, e terá de se contentar com a Liga Europa, onde estará na fase de grupos. Podemos dizer que ainda assim, é melhor que disputar apenas a liga local, ainda tem certa repercussão na Europa, mas se comparada a competição principal, é um pouco sem graça.
Para que esse projeto venha a valer a pena para Jesus, teria de ter boas equipes entrando na Liga Europa na fase de playoffs, e chegar até a final. Senão, ninguém vai lembrar da trajetória do português nessa temporada 20/21.
Jesus chegou com o discurso de retomar a hegemonia do campeonato nacional, e nesse momento, vai se limitar a exatamente isso. É frustrante, sem dúvida.
No Brasil, Jorge Jesus tinha algo que o Flamengo proporciona como poucos: muita mídia. Era aclamado por jornalistas, e seguidas matérias em todos canais esportivos. Na Europa ele é mais um, não é considerado um extra classe, como os brasileiros o tratavam.
Escolheu a possibilidade de mostrar seu trabalho mais de perto. Não é totalmente passível de críticas, mas começou muito pior do que nos seus melhores sonhos.