Com a permanência na segunda divisão do futebol brasileiro, o clube mineiro terá enormes dificuldades para a temporada 2021. Caminho conhecido por outras equipes que já foram tradicionais no cenário nacional.
DÍVIDA AUMENTA, E RECEITA DIMINUI
A discussão do final de temporada é se cair para a segunda divisão duas vezes, é pior do que cair uma vez e não conseguir subir no ano seguinte. Esse questionamento é claro que veio do Atlético-MG, com intuito de provocar o seu grande rival.
Mas embora seja uma brincadeira, o questionamento pode ser levado muito a sério. Cair duas vezes é vergonhoso, marca de forma muito negativa a história do clube. No entanto, além de vergonhoso, não subir no ano seguinte acaba tendo um impacto negativo absolutamente catastrófico nos cofres dos clubes.
Até 2019, o clube que caía para a segunda divisão, ainda teria direito à cota de TV de série A, no primeiro ano na segunda divisão. Em 2020 isso acabou, e o Cruzeiro tem de lidar com os prejuízos. Discutimos a crise financeira do Cruzeiro neste artigo: Cruzeiro vai falir.
O novo presidente do clube afirmou que para 2021, a Raposa abriu mão da cota fica de TV (6 milhões de reais), e apostará no potencial de venda de pay-per-view. A estimativa é de uma arrecadação mínima de 10 milhões por mês. (Entenda os novos direitos de televisão no futebol)
A dívida do clube chega quase a 1,1 bilhão de reais. Jogadores que poderiam ser negociados, para renderem algum “extra”, podem entrar na justiça para serem liberados de graça, devido aos não pagamentos de salários. São os casos do volante Jadsom Silva, e do zagueiro Dedé.
Sem o acesso, cotas televisivas serão escassas mais uma vez, dívida de contratos longos ainda oriundos da Série A se mantém, além de dívidas na justiça.
O Cruzeiro arrecadou pouco mais de 80 milhões na temporada 2020, porém, com dívidas e salários, a folha mensal ficou insustentável. Só nos primeiros 5 meses de 2020, o déficit do clube chegou próximo a 260 milhões de reais, fruto de dívidas com ações trabalhistas, salários, etc.
ANO COM READEQUAÇÕES E BUSCA DE NOVO TREINADOR
Para 2021, o presidente Sérgio Santos admitiu que haverá novas readequações salarias, com jogadores que ganham acima de 150 mil (valor aceitável para um grande de Série A, não de Série B), como o goleiro Fábio.
Além dele, jogadores como Sóbis e Potker, além de possíveis reintegrações neste ano, de jogadores que estavam emprestados.
Além dessa saia justa, o presidente vai ter de apressar o departamento de futebol para buscar um novo treinador. Isso porque chegou ao fim a relação entre Cruzeiro e o técnico Luís Felipe Scolari. Anunciamos a chegada de Felipão no AG: Olha quem voltou? Felipão confirmado no Cruzeiro
O treinador gaúcho, ficou pouco mais de 3 meses no cargo. Não conseguiu o acesso para a primeira divisão, mas conseguiu livrar o cruzeiro da queda para a Série C.
Além de atrasos salariais, desgaste com a diretoria, o treinador teria pedido alguns reforços para a temporada 2021, prontamente negada pelos gestores. A justificativa (óbvia), seria a incapacidade financeira do clube conseguir contratar jogadores além do seu limite (e tamanho atual), que é uma Série B.
Isso piorou muito para 2021. Muitos clubes que caíram de divisão, ainda conseguiram alguns jogadores de boa qualidade para montar um grupo de boa capacidade para uma Série B.
O Cruzeiro, permanecendo na segunda divisão, perdeu receita, aumentou sua dívida, e ainda perdeu o seu poder de atratividade para jogadores no mínimo medianos.
Quem vai querer jogar no Cruzeiro que não tem treinador, não tem planejamento, não paga salários? A medida vai ser depender do “amor” de alguns de seus jogadores de ponta, e torcer por um resultado rápido.
A PROCURA DE SAIDAS
Além disso, a única saída do Cruzeiro é que a vacina chegue de uma vez, e que o público possa voltar aos estádios em algum momento desta temporada, pois a sua bilheteria é o único fator de desequilíbrio para os demais participantes.
Muitos dizem que o Cruzeiro pode ser a próxima Portuguesa, ou então o Santa Cruz, que viviam na elite, mas as más administrações e os péssimos resultados de campo, foram apequenando, até virarem equipes de divisão inferior.
O que salva o Cruzeiro é sua enorme torcida, e seu potencial de arrecadação. Além disso, o presidente parece ser uma pessoa com os pés no chão, e tentará levar o clube de volta aos trilhos sob uma conduta de austeridade.
Se não fizer loucuras, e conseguir sobreviver até o final da pandemia, talvez o Cruzeiro se reerga com certa rapidez. O problema será uma nova temporada sem torcida. O Cruzeiro pode permanecer na série B pelo terceiro ano seguido.