Às vésperas de começar mais uma edição do Mundial de Clubes, traçamos um paralelo entre os times europeus e sul americanos, e tentamos descobrir quais as chances do campeão da Copa Libertadores bater de frente com o campeão da Liga dos Campeões.
Flamengo e Liverpool tem sido soberano em suas ligas
Nas ligas da Europa, não é anormal que uma equipe tenha um amplo predomínio da competição, e vença com uma larga vantagem sobre seus concorrentes. Na Inglaterra, por exemplo, embora tenha equipes de alta qualidade, nos últimos 5 anos, somente o Manchester City de Guardiola fez uma pontuação realmente muito superior aos demais.
Na temporada 2017/2018, o City alcançou a marca de 100 pontos, ficando 19 à frente do Manchester United. Na temporada atual, o Liverpool vem imbatível, até a 15ª rodada o time de Jurgen Klopp ainda não perdeu, são 14 vitórias e 1 empate, com 37 gols a favor e 14 contra, já se colocando a 11 pontos do Manchester City, 3° colocado.
No Brasil, o distanciamento entre os clubes tende a ser menor, por diversos fatores, até mesmo geográficos, viagens longas e calendário volumoso.
Na última décadas, apenas 4 vezes o campeão conseguiu manter uma distância maior que 10 pontos do segundo colocado.
Na Brasileirão Série A de 2019, o Flamengo foi campeão com 4 rodadas de antecedência, hoje mantém uma distância de 16 pontos para o Santos, e a tendência é que esta lacuna aumente.
O rubro-negro deu um salto de qualidade com a chegada do técnico Jorge Jesus, tem o recorde de pontos do Campeonato Brasileiro, é o melhor ataque do país. Só na liga nacional já marcou 80 gols.
Menor distanciamento técnico dos últimos anos
A comparação entre europeus e sul americanos é inevitável, embora nas últimas temporadas, os sul americanos tenham decepcionado em algumas edições, e sequer chegado à final.
A Europa e seus representantes, tem um total de 32 títulos mundiais, contra 26 da América do Sul, contabilizando desde 1960.
Nos últimos 10 anos, houveram 6 confrontos entre sul americanos e europeus, cinco deles vencidos pelos campeões da Champions League, contra apenas 1 do campeão da Copa Libertadores.
A exceção foi o Corinthians, em 2012, quando enfrentou o Chelsea e venceu por 1-0, com gol de Paolo Guerrero. Para quem assistiu aquela final, foi uma pressão absurda dos ingleses, o goleiro Cássio foi o melhor da partida, com o Corinthians conseguindo chegar poucas vezes à meta dos Blues.
https://twitter.com/Rodri_Bruno/status/1201519666641940480
Nesta temporada, temos um representante sul americano com características diferentes. O Flamengo montou um time de enorme qualidade, muito superior aos rivais do seu continente.
Tem jogadores de nível de seleção brasileira, mas possui no seu modelo de jogo a maior diferença para os últimos candidatos ao título mundial.
Com um treinador europeu, possui um futebol mais intenso, mais vertical, e joga com característica bem ofensiva. Ainda é inferior ao Liverpool, pelo menos na teoria, mas sem dúvida alguma, essa distância entre clubes, nunca foi tão pequena na “era moderna” da competição.
Diferenças e semelhanças entre Klopp e Jesus
A maior semelhança, obviamente seria o fato de ambos serem europeus. Tanto o alemão Jurgen Klopp, quanto o português Jorge Jesus, tem no seu estilo de jogo montar equipes intensas, que abusam de uma pressão para roubar a bola e entrar em rápida e quase fatal transição ofensiva.
Ambos jogam com 3 homens mais avançados quando atacam, porém, o Flamengo por vezes volta a um modelo mais voltado ao 4-4-2. A diferença deve ficar na postura de ambas as equipes neste jogo, acredito que o Liverpool tenha mais a posse de bola, e o Flamengo mais reativo.
Temos um novo recorde do clube!
TRINTA E DOIS JOGOS DE INVENCIBILIDADE NO CAMPEONATO!!!!!
💪🔴🔴🔴
Que time, senhoras e senhores ❤️#LFC #LIVEVE #Liverpool #PL pic.twitter.com/M4WhfaIP4v
— Merseyside Reds BR (@merseyredsbr) December 4, 2019
Tenho notado nas partidas da atual temporada, o Liverpool inicialmente muito menos vertical, chuta muito menos a gol do que na temporada passada, se dosando muito nas primeiras ações.
O Flamengo tem sido muito intenso no Brasil, mas já na final da Copa Libertadores, foi amarrado pelo River Plate até os minutos finais, quando virou o jogo em dois lances isolados.
A vantagem do calendário para os europeus
A distância técnica que existe entre América do Sul e Europa é evidente e muito importante, mas acredito que a intensidade do jogo seria outra, caso ambos estivessem em plenas condições físicas.
O Mundial de Clubes acontece em dezembro, no final da temporada dos brasileiros, enquanto está no ápice para os ingleses.
A intensidade do jogo muda completamente, mudando inclusive as características de jogo dos times daqui.
O maior exemplo foi em 2017, no jogo entre Real Madrid e Grêmio, quando o time espanhol venceu por 1-0, com gol de falta de Cristiano Ronaldo.
Embora o placar apertado, o Grêmio foi encurralado, defendeu 90% do tempo, e não conseguiu chegar à meta de Navas. Se defendeu muito bem, partida espetacular da sua dupla de zaga, porém, muito pouca ação dos atacantes, que foram mais auxiliares defensivos, do que propriamente atacantes.
O Flamengo vem jogando numa intensidade muito acima da média do que os times brasileiros, e fica a dúvida se conseguirá se equiparar fisicamente ao Liverpool.
Acredito que até onde ambos os times estiverem com suas forças máximas, e em igual condições físicas, seria um jogo de certa forma equilibrada.
O Liverpool ainda maior dono das ações, mas sofrendo também com um time brasileiro que tem um jogo ofensivo muito forte.
Ao meu ver o Flamengo seria o time que mais tem capacidade de fazer um enfrentamento nivelado com um time europeu hoje em dia. Vai depender muito da intensidade do jogo, e até onde suas pernas aguentarem.
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