Seguindo o exemplo do Diário das Apostas Perdidas, onde o objetivo era refletir sobre escolhas erradas, agora trago algumas análises de jogos atípicos. A ideia aqui é mostrar que muitas vezes a partida nos dá um resultado que os indicativos eram totalmente ao contrário, e que isso pode ser normal.
COMO O BRASIL CHEGAVA PARA A PARTIDA
O Brasil quanto nação, estava totalmente empolgado naquela altura, com uma Copa do Mundo sendo realizada em sua casa, e um time que parecia estar encaixado dentro de campo. A sensação é que aquele era o ano especial, para vencer uma Copa em frente ao seu torcedor.
O Brasil na primeira fase foi dominante, e agressivo. Bateu Croácia e Camarões, por 3-1 e 4-1, respectivamente. E empatou sem gols contra o México, mas com grande volume de jogo, e parando no goleiro Ochoa.
Nos playoffs, foi onde o Brasil começou a ter dificuldades. Diante de equipes bem organizadas, e com boa condição de transição. Nas oitavas precisou dos pênaltis para se livrar do Chile, de Sampaoli. Teve muito volume, chegava bem à frente, mas faltava melhores individualidades.
Nas quartas, a Colômbia deu muito trabalho. Também exigindo muito esforço dos brasileiros em parar as transições. O Brasil abriu 2-0, sofreu um gol no final, mas se segurou para chegar ao jogo fatídico. Diante dos colombianos, perdeu Neymar, e o time desmoronou.
COMO CHEGAVA A ALEMANHA PARA A PARTIDA
A Alemanha parecia chegar no auge da sua maturidade, em um processo que começara 2 Copa do Mundo antes. Tinha uma equipe equilibrada, forte coletivamente, boa ocupação de espaços, e precisa no ataque. Jogadores de ótima qualidade, como Neuer, Hummels, Kroos, Khedira, Lahm, Muller, Gotze, Ozil…
A primeira fase mostrou uma Alemanha superior, principalmente quando goleou Portugal por 4-0. Mas sem a mesma intensidade diante de equipes mais defensivas, como Gana (empate em 2-2) e EUA (vitória simples de 1-0).
A mesma dificuldade ficou evidente nas oitavas, quando precisou da prorrogação para bater a humilde Argélia, por 2-1 no tempo adicional.
Muito volume de jogo, chances criadas, mas assim como descrevi o Brasil, precisava de individualidades mais agressivas, além de um jogo coletivo bem armado.
Nas quartas o adversário mais duro. Em um embate com a França, cheia de bons jogadores, dividiu o favoritismo, não teve protagonismo durante a partida, e foi em muitos momentos, severamente agredida.
O placar de 1-0 construído ainda no início da partida, pode ter mudado o rumo, tornando a equipe de Joachim Löw menos propositiva, e este era um indicativo para a partida diante do Brasil…
ODDS ANTES DA PARTIDA
- Para vencer: Brasil 2.63 (2.50) | Empate 3.25 | Alemanha 3.00 (2.80)
- Handicap Asiático: Brasil 0.0 1.80 (1.73) | Alemanha 2.15 (2.08)
- Linha de gols: Mais de 2.5 gols 2.35 (2.20) | Menos de 2.5 gols 1.57 (1.65)
Entre parênteses consta as odds iniciais, que se movimentaram com os investimentos em cada mercado.
PONTOS DE ANÁLISES ANTES DA PARTIDA
- Diferente da Alemanha, esse confronto da semifinal para o Brasil representava enfrentar o primeiro adversário de alto escalão.
- O Brasil não apresentava um futebol bonito. Comandado por Felipão, era eficiente, intenso, e objetivo, mesmo que muitas vezes aos trancos e barrancos.
- O Brasil iria sem Neymar, seu principal jogador. Perdia ali em individualidade e técnica na parte ofensiva. Dava lugar a um ataque intenso, porém, menos brilhante: com Hulk, Bernard, Oscar e Fred.
- A Alemanha coletivamente era um time de alto nível. Compacta, conseguia ter uma condição defensiva muito boa, e ofensivamente era regular.
- Os alemães tinham dificuldades contra defesas mais fechadas, e não era o que se esperava contra os donos da casa, então era um ponto positivo.
- O Brasil tinha um meio-campo marcador, mas com qualidade de saída de bola bem fraca, iniciando pelos volantes: Luís Gustavo e Fernandinho.
- O meio-campo era o forte dos alemães, marcador e técnico, com Khedira, Schweinsteiger e Kroos.
- O jogo parecia ser equilibrado, com ações mais táticas do que individuais de lado a lado. Os brasileiros tinham a força do ambiente, e um jogo intenso, enquanto os alemães apostavam numa capacidade de controle da bola, e de diminuir a velocidade e as ações da partida.
- Sendo assim, as odds indicavam uma partida amarrada, de poucas chances para muitos gols, e equilibrada, com ambas as equipes pagando muito para suas vitórias.
ANDAMENTO DA PARTIDA, E RELAÇÃO COM AS ODDS PRÉ-LIVE
O jogo mostrou uma realidade totalmente diferente do que a análise prévia indicava. Se a expectativa inicial era de um jogo equilibrado, onde duas equipes travariam um duelo tático, em um jogo de poucos espaços, na prática foi totalmente oposto.
Os alemães se colocaram perfeitos taticamente, por outro lado, os brasileiros perdidos, tentando acelerar um jogo que não tinha espaços para fazê-lo. A Alemanha dominou totalmente o meio-campo, embora a posse de bola semelhante, e as chegadas ao gol (pelos números frios) fossem parecidas, quem viu o jogo, pode assistir uma aula.
A Alemanha amarrou o Brasil, a saída de bola ficou nula, o time de Felipão não tinha jogadores que conseguiam mudar de posição, e ganhar no confronto individual. Isso prendia muito o jogo do Brasil, e a Alemanha chegava com perigo a todo momento.
Resultado do primeiro tempo foi 5-0 para a Alemanha, com 10 chegadas ao gol, contra apenas 2 do Brasil. O segundo tempo, o Brasil na dúvida entre atacar e descontar, e se fechar para não aumentar o vexame, sofreu mais dois gols. Em um lance esporádico e aleatório, os brasileiros ainda descontaram.
A realidade do jogo foi totalmente oposta aos mercados disponíveis antes do jogo, e das análises prévias. Talvez o handicap aos alemães tenha sido a aposta mais bem feita, muito levando em conta a ausência de Neymar. Mas de um jogo tático e equilibrado, não teve nada.
E você, o que teria apostado neste jogo que entrou apara a história do futebol?