Nesta última semana de 2020, o brasileiro se despede de mais alguns estrangeiros que vieram se aventurar sem sucesso no futebol verde e amarelo. Em contrapartida, outro clube nacional busca um comandante de fora do país.
SÁ PINTO MAL CHEGOU E JÁ FOI MANDADO EMBORA DO VASCO
O Vasco já é uma tragédia anunciada para os próprios brasileiros, mas ainda vende uma imagem de clube tradicional e equilibrado para os “gringos”.
Contratações e demissões “relâmpago”, já fazem parte do cotidiano de alguns centros do futebol brasileiro. O português Sá Pinto, com certeza não imaginava que sua trajetória seria tão curta.
Pouco mais de dois meses após assumir o Vasco, que já estava rumo ao fundo do poço, o comandante foi mandado embora. Foram apenas 15 partidas sofrendo junto aos vascaínos, e um desempenho fraco.
Conquistou apenas três vitórias (Caracas, Sport e Santos), 6 empates e 6 derrotas, com pouco mais de 33% de aproveitamento. O técnico deixa de herança ao próximo corajoso, o Vasco na zona de rebaixamento, com 28 pontos, a moral destroçada, e caminhando rumo à Brasileirão Série B.
Neste caso, é preciso avaliar a balbúrdia que virou o Vasco da Gama. Um brasileiro não faria um trabalho tão melhor que Sá Pinto. Por outro lado, ficou evidente que o português não se adaptou às características do futebol daqui.
O Vasco era uma bagunça, não defendia nem atacava, se tornando uma presa fácil. Além disso, por aqui não funciona essas “caras e bocas” que o treinador fazia à beira do gramado a cada gol sofrido.
Faltou capacidade, faltou carisma, e controle de grupo. Sá Pinto chegou pressionado e já com prazo de validade ao futebol brasileiro.
HONDA PEDE PARA IR EMBORA DO BOTAFOGO
Outro que se iludiu com o futebol brasileiro, foi o meia japonês Keisuke Honda. O jogador chegou ao Botafogo em fevereiro deste ano, logo em seguida teve de enfrentar uma pandemia em país desconhecido, e atuou pouco com a camisa alvinegra.
Foram 27 partidas pelo clube carioca, apenas 3 gols marcados, e atuações que nem perto chegaram da ilusão que causou na torcida botafoguense.
O Botafogo esperava uma nova versão de Seedorf, com quem realmente teve sucesso. Já Honda, esperava um clube minimamente organizado para disputar um campeonato de elite.
O Botafogo teve uma desilusão, pois Honda não foi capaz de se adaptar ao ritmo de jogo do futebol brasileiro, e fazer com que a equipe desse um salto de qualidade.
Já o atleta, se decepcionou com a maneira com que o Botafogo é gerido (discordando publicamente da direção em algumas situações), com a incapacidade do clube de cumprir salários, e também não conseguiu acompanhar a loucura que é o calendário do nosso futebol.
Neste caso, o jogador não correspondeu, e o clube não deu condições mínimas. Fica a questão: a culpa é do Botafogo ou do atleta? Na minha opinião, é dos dois.
NA CONTRAMÃO, O INTER BUSCA OUTRO ESTRANGEIRO
Não faz muito tempo, e o Inter levou um pontapé do seu antigo treinador, que também era estrangeiro. Eduardo Coudet abandonou o então líder do Brasileirão, para assumir um clube espanhol.
O argentino fazia um trabalho de bom nível, embora tivesse passado por momento de “pré-demissão” em alguns momentos. O treinador reclamava da falta de opções de elenco, do calendário, e notícias que entrava em atrito com membros da diretoria.
O clube buscou Abel Braga, que foi eliminado de duas competições, e agora que começa a dar jeito na equipe, vai ser trocado, muito provavelmente pelo espanhol Miguel Ángel Ramirez, do Independiente del Valle.
E o que chama a atenção, é que renovou com Abel até fevereiro (quando termina o Brasileirão Série A), e uma semana depois já pode ter estreia pela Libertadores com o novo treinador.
O clube vai contratar um profissional que vem ganhando notoriedade, mas que ainda é uma aposta. Pode ser uma boa aposta, mas não vai dar o mínimo de tempo de treinamento para que ele se adapte ao grupo, e o grupo ao seu trabalho.
Como tudo no futebol brasileiro, vai ser exigido rapidez. Se começar mal, já é pressionado. Se não se ajeitar em pouco tempo, é rua.
Neste caso entendemos porque muitas vezes o estrangeiro não dá certo aqui. Algumas vezes é culpa deles mesmos, mas em muitos casos, o
futebol brasileiro exige desempenho de campeão sem dar condições básicas.
Há pouco tempo atrás, Domenèc Torrent foi demitido, com poucos jogos pelo Flamengo. Não fazia um grande trabalho, mas não lhe deram muito tempo. Ceni chegou e também foi eliminado daquilo que disputou.
Cada vez mais eu acredito que Jorge Jesus foi um ponto fora da curva. Muito fora da curva.